Acordei hoje com uma dor nas pernas, ando com dor nas pernas, minhas pernas doem, aí alguém pensará que corri para pegar uma condução, que fiquei horas em pé em uma fila de banco ou até mesmo que carreguei muito peso fazendo uma mudança. Mudança?! Sim, foi isso que aconteceu ontem, a dor de hoje é o reflexo de uma mudança que se inicia, o corte que arde antes de cicatrizar não é meramente ocasionado pela cisão do tecido vivo, porém há muito de norma arraigada, truncada, enraizada em nós, isso torna a mudança dolorosa, ela é uma troca de energia, renovação, é a cirurgia que cura o coração doente e a alma cansada.
Vejo forma turva no futuro que não tarda a chegar, vejo pequenos gestos virando grandes expressões, tensão, quebra de paradigma, dor física e mental, pois é cansativa a busca pelo novo, a estréia de novos pensamentos é realmente trabalhosa e, como é natural no artista, a estréia tem que ser original, íntima, latente, ela vem do sangue, da pulsação. Não há nova sem velha, havemos então de nos alimentar das velhas e pragmáticas convicções para que depois, como um filho rebelde, neguemos a convenção da facilidade para a limpeza da simplicidade, somente o necessário, o que funciona, a origem da criatividade traduzida pelo conceito do que se pretende, estamos lapidando esse diamante que fora cuspido em uma erupção provocada ontem, o grafite em alta pressão, o carbono pressionado e aquecido nos proporcionou essa matéria prima nova, transformada, valiosa, porém não lapidada, esculpida, cravejada.
É dever então dos atores transformar, e foi através da mudança, que aceita pelo grupo, foi comungada pelos mesmos, começamos assim o maravilhoso caminho em direção ao misterioso, profundo, carnal e humano Teatro das possibilidades.
Relato do 1º dia de Oficina com Os Ciclomáticos Cia. de Teatro.
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