tag:blogger.com,1999:blog-18223538353166644432024-02-08T07:15:11.760-08:00Leocarfrei"Perspectivas do teatro interior"Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.comBlogger17125tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-33242115955323180792013-11-01T08:02:00.002-07:002013-11-01T08:02:50.726-07:00Devaneio de presenteHoje parei. Na verdade parei há muito tempo. Vendo o tempo de costas pro presente percebo o quanto desacelerei gradualmente com o passar dos anos, assim devagar e sem perceber os anos vão passando e com o clichê na mente sempre nos vem a famosa frase "carpe diem". Tudo bem, aproveite o dia, porém em momentos de nostalgia sempre penso: que aproveitar seria esse? Estou hoje com o pensamento voltado no futuro, penso que aproveitar seria planejar de forma concreta o presente de amanhã, é tão difícil falar em presente, pois no exato momento que escrevo presente ele já se foi, sim, nesse ritmo acelerado ele nos deixa confusos, perplexos diante da ineficiência de aproveitar o dia.<br />
Contudo podemos retirar dessa experiência maior que é a dádiva da vida coisas boas as quais sempre nos agarraremos em momentos difíceis, sejam elas nossa família, religião, amor... sempre estamos prontos a nos segurar, ter algo em que acreditar, mas há momentos em que simplesmente o ânimo nos falta e aquele sentimento de que está tudo perdido nos vem. Sim, eu sei como é, já tive depressão e realmente é uma experiência muito desagradável e auto destrutiva, pois nada mais lhe interessa, o mundo se torna cinza e as pessoas desinteressantes, choros noturnos no silencio das sombras, sozinho no quarto, chorando baixo para não alarmar ninguém. Toda essa experiência de vida nos traz sempre ao efêmero presente, ao agora e nesse agora tentamos fazer o melhor, aproveitar é uma dádiva que nos é dada, com intervalos às vezes fastidiosos com horas de coisas que não queremos fazer, mas devemos fazer, atribuições de uma vida moderna onde é necessário se livrar de certos prazerosos momentos para dar espaço a momentos pouco atraentes de labuta involuntária.<br />
No meu caso foi-se um sonho, sim um sonho para que eu entrasse no mundo real, o mundo dos negócios, ganhar dinheiro para sobreviver. Funciona sempre assim, quando somos crianças enchem nossas cabeças de perguntas como: o que você vai ser quando crescer? Na verdade a pergunta deveria ser: O que poderá ser quando crescer? É duro, porém não há tanto romantismo na vida real como em conto de fadas que vemos o tempo todo na demagógica televisão ou em livros infantis, não estou aqui criticando a literatura infantil, longe de mim, mas apenas constatando uma realidade diferente das que vemos em histórias, chega um momento que é necessário o apartamento do onírico, agora não dá mais, isso não vai pra frente, acorda, esses são alguns conselhos evidentes em quem se preocupa mais com a nossa vida do que a deles mesmos.<br />
Então hoje 25 quilos mais gordo e preocupado estou no meu "carpe diem", incrivelmente mais velho, com cabelos brancos e marcas de expressão que enrugam minha testa ao menor sinal de expressão, porém só ocorre em momentos de distração, geralmente fico mais atônico o dia inteiro, um misto de expressão morta, preocupação e desânimo. De dentro vem uma voz para mudar, amanhã vai ser melhor, maior, vai ser um novo dia, uma nova vida, vida nova não existe, existe a mudança de atitudes e ações para que nossa esfera individual atinja a esfera a nossa volta, minha opinião, basicamente a lei da física de ação e reação.<br />
Nesse turbilhão de emoções e sensações quase sempre desagradáveis tenho um rico e maravilhoso motivo, sim motivo, motivação, fonte de ânimo, foi há 10 anos atrás, conheci a pessoa que seria a minha energia, o meu amor, estamos esse tempo todo descobrindo, desbravando esse mundo juntos, vendo as desilusões e as maravilhas também, muita coisa boa e outras tantas ruins e sempre lado a lado nos turbilhões nós estamos. Quanto mais eu a tenho do meu lado mais perto quero estar, uma luz que minhas sombras faz parar, essa é a definição mais próxima que posso chegar, pois desse ponto pra frente é impossível descrever com simplórias palavras o sentimento que sinto.<br />
Ao lado dela nesses poucos momentos prazerosos em que podemos fazer o que nos convém sou inteiro feliz, sou metade da metade dela e por pouco tempo num lembro de pensar pesado, nada de romântico nessas, perdi o romantismo junto com meu sonho lá trás, talvez um dia o resgate, essas palavras são realidade e é nisso que me prendo, me ato, é em sentimentos bons como esse que sou salvo todos os dias, pois só é capaz de amar, se doar, somente quem se ama, se emana.<br />
Carpe diem junto com meu amor é e sempre será um apraz dia de momentos gloriosos de uma vida qualquer nesse mundo de ninguém. Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-41846469663328037512012-06-28T07:51:00.003-07:002012-06-28T07:54:49.442-07:00Caminhando Sobre a Desformidade do CorpoEsse segundo encontro foi uma proposta, alguns clássicos autores e muitas mentes, vidas diferentes em profusão para a descoberta de novos movimentos, sentimentos, combinações das descombinações, a desconformidade gerada pela incomunicação entre os que jogavam em cena fez aflorar a criatividade do encontro, da presença, cada qual com seu corpo, sua vivencia, suas tentativas.<br />
É estranho pensar para agir de forma livre, somos levados na vida a pensar de forma unicamente racional e nos fazem crer que a irracionalidade é um devaneio que deve ser expurgado eternamente de nossas mentes, porém nesse dia vi que a quebra da norma é muito produtiva e sedutora, com estímulos externos e um aquecimento sensorial conduzido conseguimos encontrar corpos novos, formas novas, amassamos o tabuleiro do bolo, o assamos em fornos triangulares e comemos um maravilhoso bolo torto, novo, irreconhecível e gostoso.<br />
A cada encontro uma nova descoberta, descubro músculos novos que não doíam antes, pois jaziam adormecidos há tempos, inertes, esperando a oportunidade de acordar, os movimentos, a música, os trechos de textos de Suassuna, Nelson Rodrigues, Caio Fernando, Clarisse...... todos ecoavam uníssono no frenesi de corpos a procura da deforma, a rigidez se dissolvia, escoava entre as frestas do tablado, podíamos ver uns aos outros e nos estranhávamos, admirávamos, tocávamos, nos reconhecíamos, nessa dança ritualística encontramos a deforma da cena, do momento, sem explicação, apenas apreciação.<br />
Taças, panos, jornais, chapéu, água, óculos, corpos, vozes, enfim o produto de pulsação foi observado e analisado, não havia o bom, havia o humano e sua maravilhosa imperfeição, o grotesco admirável, o suave, tesão, depressão, tudo mesclado e separado apenas por alguns segundos de espera para a nova música, pausa, efêmero teatro da vida.Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-50496947301985274682012-06-21T12:32:00.001-07:002012-06-21T12:35:54.419-07:00Começa a Nova Jornada Onírica de Suor e Sangue.Acordei hoje com uma dor nas pernas, ando com dor nas pernas, minhas pernas doem, aí alguém pensará que corri para pegar uma condução, que fiquei horas em pé em uma fila de banco ou até mesmo que carreguei muito peso fazendo uma mudança. Mudança?! Sim, foi isso que aconteceu ontem, a dor de hoje é o reflexo de uma mudança que se inicia, o corte que arde antes de cicatrizar não é meramente ocasionado pela cisão do tecido vivo, porém há muito de norma arraigada, truncada, enraizada em nós, isso torna a mudança dolorosa, ela é uma troca de energia, renovação, é a cirurgia que cura o coração doente e a alma cansada.<br />
Vejo forma turva no futuro que não tarda a chegar, vejo pequenos gestos virando grandes expressões, tensão, quebra de paradigma, dor física e mental, pois é cansativa a busca pelo novo, a estréia de novos pensamentos é realmente trabalhosa e, como é natural no artista, a estréia tem que ser original, íntima, latente, ela vem do sangue, da pulsação. Não há nova sem velha, havemos então de nos alimentar das velhas e pragmáticas convicções para que depois, como um filho rebelde, neguemos a convenção da facilidade para a limpeza da simplicidade, somente o necessário, o que funciona, a origem da criatividade traduzida pelo conceito do que se pretende, estamos lapidando esse diamante que fora cuspido em uma erupção provocada ontem, o grafite em alta pressão, o carbono pressionado e aquecido nos proporcionou essa matéria prima nova, transformada, valiosa, porém não lapidada, esculpida, cravejada.<br />
É dever então dos atores transformar, e foi através da mudança, que aceita pelo grupo, foi comungada pelos mesmos, começamos assim o maravilhoso caminho em direção ao misterioso, profundo, carnal e humano Teatro das possibilidades.<br />
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Relato do 1º dia de Oficina com Os Ciclomáticos Cia. de Teatro.Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-40155801414736037352012-06-14T08:02:00.000-07:002012-06-14T08:02:15.194-07:00Teste ou Presente?!Ontem, dia 13 de junho, fui ao Rio de Janeiro fazer um teste para entrar em uma oficina de teatro, e num estava sozinho, meu amigo Marcos Paulo estava junto comigo, e como já era de se esperar estávamos muito ansiosos com as possibilidades desse teste, pois não se tratava de qualquer teste, era o teste para a oficina da Cia de Teatro Os Ciclomáticos, tenho profunda admiração por essa cia. Eles seriam apenas mais uma cia de Teatro, mas não, seu trabalho é muito lindo e tocante, um misto de vislumbramento visual com significação sentimental, é inexplicado a qualidade de Os Ciclomáticos.<br />
Enfim, saímos de Volta Redonda rumo ao Teatro Ziembinski no bairro Tijuca no Rio, durante a viagem conversamos sobre coisas normais para atores e isso quer dizer Teatro, fomos nos descontraindo e pensando em como seria esse bendito teste, só a palavra teste já nos deixa nervosos, pois saber que está sendo avaliado já é uma grande pressão, agora saber que você será avaliado juntamente com 89 pessoas, quer dizer 89 atores, é super pressão, mas estávamos felizes simplesmente pelo fato de estar ali, indo em direção ao que sempre sonhamos, sempre pensamos, quem é de Teatro sabe que para nós existe o Teatro e o resto, isso é facilmente explicado pelo fato de nos sentirmos sempre um peixe fora da água longe da cena.<br />
Quando chegamos no Teatro ficamos encantados com a exposição de Os Ciclomáticos que estava no hall de entrada, algumas maquetes de cenários, indumentárias, fotos, releases, tudo muito bem feito, estava descontraído lendo os releases das peças que já foram e ainda são encenadas por eles, das que estão em cartaz, me maravilhando com a maquete muito bem feita de alguns de seus cenários, quando dei por mim estava cercado por uma multidão de gente, o hall do teatro é pequeno, mas parecia minúsculo pela quantidade de gente que estava ali pelo mesmo motivo que eu e meu amigo.<br />
Nesse momento olhei para aqueles rostos, aqueles caras de bermuda e chinelo, aquela menina com roupa de inspiração hippie, nesse momento, nesse ínfimo momento eu senti uma maravilhosa sensação de coletividade, percebi que não estou sozinho, naquele momento éramos todos peixes dentro daquele lindo aquário Teatro, foi uma sensação muito bacana ver naqueles rostos as mesmas ansiedades, os mesmos nervosismos típicos de uma espera de teste, foi muito bom essa experiência, mas eis que se abre a porta do Teatro e adentramos todos vagarosamente para dentro da "caixa preta".<br />
Todos sentados na platéia e lá estavam eles, Os Ciclomáticos nos recebendo com todo aquele carinho e humanidade típica de um abraço coletivo, Ribamar Ribeiro ator, diretor e tudo mais de bom, nos recebeu dizendo como a cia se formou e nos contando um pouco de suas histórias, e olha que não são poucas, dessa vivência teatral de muitos anos. Nos contou que estavam no Teatro Ziembinski através de edital de ocupação com validade para 02 anos, na hora eu pensei que não haveria grupo melhor para ocupar aquele espaço, quem já viu um espetáculo deles sabe muito bem do que estou falando, com sua humildade e seus muitos prêmios, que ele em hora nenhuma nos revelou, continuou dizendo que queria nos conhecer melhor e que era para cada um de nós falarmos um pouco sobre nós.<br />
Naquele momento eu pensei em tudo e nada ao mesmo tempo, sabe aquela vontade de ser original, de falar algo que vai te colocar em destaque, falar algo único e inteligente, igual a candidato em entrevista de emprego sempre querendo impressionar, mas quando o primeiro começou a falar sobre suas experiências, suas dificuldades e anseios com relação ao Teatro, eu percebi que seria, no mínimo, impossível ser original, o segundo falou, o terceiro, quarto, aí eu já tinha certeza que não seria original e muito menos novo o que eu iria dizer, pois aquele sentimento de estar em casa, de compartilhar a mesma vibe que senti no hall se intensificou de forma quase fraternal nos relatos de todos que estavam ali, via o brilho no olho do meu amigo que observava atentamente os relatos que poderiam ser seus.<br />
Eram relatos de um sentimento incondicional pela arte, pessoas que diziam ser formadas em direito, psicologia, fisioterapia, Licenciatura, atendente de tele-marketing, mas em todos residia o mesmo vazio que reside em mim, foi por isso que a identificação foi imediata, a cada relato o amor reaparecia, Baco devia estar super feliz tomando sua taça de vinho naquele momento.<br />
Foram muitos e demorados relatos, alguns me arrepiaram como a história de uma senhora de seus setenta e poucos anos que nos contou sua história, ela disse que sempre residiu nela a paixão pelo Teatro, paixão essa que nasceu nas encenações de escola, ela chegou até a fazer "Martins Penna", mas que foi tolhida pelo seu marido altamente machista, se formou em direito, porém advogou pouco, não conseguia sociedade por conta do ciúmes doentio de seu parceiro, até que um dia vítima de um assalto em sua residencia seu marido veio a falecer com um tiro na cabeça, e o pior, ela e a filha, então com vinte e dois anos, virão tudo acontecer na sua frente, três anos depois essa mesma filha faleceu por conta de um acidente de automóvel, ela disse que passou por momentos de crise, mas uma amiga a aconselhou a desfilar pela terceira idade e ela disse: - eu fui mesmo, precisa me levantar, e eu gostei do negócio, desfilamos em vários hotéis do Rio e até me candidatei a musa da terceira idade!<br />
Ela ainda nos disse que depois disso voltou para o Teatro e que de lá não saia mais, que lá ela era feliz e que queria ser feliz.<br />
Embalado nesse ritmo de comunhão fomos convidados a subir no palco, primeiro as mulheres e depois os homens. Foi aí que a magia aconteceu, eu não acreditei no maravilhoso teste que nos foi proporcionado.<br />
Nós fomos fazer um teste e recebemos uma maravilhosa aula de Teatro, foi deliciosamente a melhor aula de Teatro que já fiz na vida, uma oficina magnífica onde pudemos extravasar conhecimentos e tenções. Nos arrepiamos todos com as mulheres que estavam no palco, pois num primeiro instante elas faziam a oficina e nós assistíamos e depois era a nossa vez, mas que maravilhosa visão, nunca havia vido uma oficina com a estética linda daquele jeito, os atores se jogavam mesmo com vontade. Era um teste? Que teste?! Esquecíamos desse detalhe, por fim estávamos em transe hipnótico Teatral, o prazer era maior do que qualquer ansiedade ou preocupação, naquele momento não havia mais nada, somente nós e o palco.<br />
Quando voltamos para os nossos assentos voltamos outros, não éramos mais quem entramos na "caixa preta", em alguns minutos fomos transformados, os rostos estavam leves, era como se tivéssemos levado uma injeção de Teatro, cura certa para corações vazios, quanta catarse, quanta cumplicidade.<br />
Foi lindo esse dia, por mais que queiramos estar nessa oficina não havemos de negar que o teste na verdade era um presente, eu sei que muitos achariam banal tal atividade, mas para minha experiencia pessoal foi mágico, onírico e triste por saber que na estrada de volta para a casa toda a magia foi esvaindo no caminho e ficando em seu lugar aquele sentimento de vazio, saudade, típico da efemeridade de nossa querida arte Teatro. Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-6393265307997026962012-06-12T11:19:00.000-07:002012-06-12T11:21:11.844-07:00Vivencias TeatraisAos treze anos fui atraído para uma arte, até então, desconhecida, mas atraente ao ponto da admiração. Convidado por meu irmão, ia às suas aulas de teatro para saber do que se tratava, afinal de contas estava conhecendo o mundo de forma crítica, formando opinião sobre tudo e todos, porém quando em cena estava aquele ser humano tão conhecido em casa, meu irmão, acontecia algo que realmente me deixava boquiaberto, não o reconhecia, naquele exato momento da encenação ele me era tão estranho como qualquer outro que visse na rua.<br />
Sem entender e intrigado por esse momento fantástico, continuei a ir nas aulas, sábado após sábado, e sempre era o mesmo sentimento, gostei tanto das possibilidades de ser outro que decidi entrar para esse mundo desconhecido, passível de oportunidades nunca conhecidas, em minha mente crescia a vontade de ser, afinal de contas nessa idade a afirmação do eu é muito gritante em nossa mente. Sabia que através desse admirável mundo novo eu enxergaria como nunca havia enxergado antes.<br />
Tempos depois ainda não havia encontrado a resposta e muito menos conseguia gerar nos outros o efeito que meu irmão gerou em mim, era intimamente um ator jovem e pouco experiente na arte da interpretação, ia para a cena com vários vícios e histrionismos dignos de risos infindáveis, não buscava verdade nenhuma, pois não compreendia a verdade, via apenas dois pontos básicos: a partida e a chegada, falava tão rápido, engolia as palavras como se a cena fosse uma corrida frenética.<br />
Com o passar do tempo e muitas aulas depois fui compreendendo que a arte de interpretar vem de dentro de nós, que não adiantava os movimentos exagerados, os histrionismos e a gritaria, o que acontecia nesse caso era a total negligencia do texto, elemento este fundamental ao teatro, antes de qualquer interpretação é preciso entender a dramaturgia existente no texto, porém somente após muito tempo me dei conta dessa necessidade que urge à boa interpretação. Embora tardio, mas não desistente, fui em busca de mais conhecimento e nessa busca pude me defrontar com um maravilhoso mundo de possibilidades, eu fui mais longe em um ano do que tinha ido em minha vida toda, quantas teorias, quantos mestres, em pouco tempo a clarividência do conhecimento iluminou-me de forma incisiva e pude com esse conhecimento refletir sobre a arte de interpretar.<br />
Nesse instante pude compreender o que se passou há muitos anos atrás no meu primeiro contato com o teatro, percebi que aquele sentimento tinha um nome e um significado, era o estranhamento, eu reconhecia o teatro como não realidade, porém os sentimentos inerentes ao humano eram perceptíveis a ponto de me entregar a catarse. Percebi que sem a catarse não há a identificação, a humanização no sentido mais puro da palavra, não há de se fazer entender sem se entregar ao mundo onírico dos palcos, a cena é a representação real dos sentimentos humanos e não do histrionismo forçado.<br />
Tão estranho ir tão longe para perceber que a resposta estava tão perto, quase podia sentir o fervor dentro de mim. Depois desse dia nenhuma peça foi a mesma, assisti com olhar vívido as representações que se seguiram, quanta beleza, quanta dedicação, era música aos sentidos as boas representações, cada peça uma aula, as ruins eram melhores ainda ao aprendizado, pois a imperfeição é típica de nossa arte e nela reside a propensão para a criatividade.<br />
Hoje nada mais será como antes, ainda estou aqui tentando aprender algo sobre ser, a única ferramenta que disponho e que preciso é a minha sensibilidade, essa que abre os seus olhos e que te mostra que tudo é interessante ao ator, do grego "aquele que age", todas as pessoas e ações me interessam, nossas mentes sempre estão ávidas ao aprendizado, hoje abro a mente, penso, crio, erro, tento, erro, consigo, faço, essa é a chave, fazer, se somos aqueles que agem, atores, é mister de nossa arte agirmos.Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-82521520305791961302012-06-11T10:40:00.003-07:002012-06-11T10:42:46.537-07:00AfirmaçãoO céu negro me faz refletir sobre o que eu não entendo, como no firmamento tantas luzes vagam sem se encostar, ordem e brilho sem se ofuscar.<br />
Nessa vida passamos querendo firmar, tentando brilhar, achar um lugar, porém quando tudo por um fio está, apenas lagrimas escorrem sem parar, não há lugar que se crie ou se imagine que abrigo venha nos dar.<br />
É chegada a hora de tentar, enfrentar e mais um dia acordar, errando por tentar, sem omissão, despachando a depressão, eis que ouço um novo som, ruido alto e inalterado de um coração que bate acelerado, uma luz forte ofusca minha vista num vejo nada, silêncio...<br />
Escuridão, 3 segundos de inquietação, luz total, assombração, quanta gente em comunhão, olhando pra gente com admiração, como é bom ser do Teatro de corpo, alma e coração.Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-53426040165793699902011-08-20T05:51:00.001-07:002011-08-20T05:51:28.189-07:00Fragmento de ribalta.<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Que sentimento estranho de perda me assola agora, que falta de ar... Que agulhada profunda é essa que atravessa meu coração, lágrimas preenchem meus olhos e deslizam em minha face... Minha amada arte se foi para atividade mais rentável entrar em minha vida, que rentabilidade é essa que traz dinheiro envolvido em dor e lamento, que priva minhas lembranças mais alegres e proíbe o ato cênico por puro amarro econômico, por pão suado, por atividades repetitivas que não me são inerentes por boa vontade ou aptidão. Minha cortina se fechou em escuridão profunda, não vejo mais o palco que piso, o calor uterino dos refletores não mais me acalentam, meu proscênio agora é uma mesa onde assino papéis mortos, cadê os aplausos que anunciam o fim da efêmera aventura? Sumo em meio a lembranças esfumaçadas de um passado feliz onde a vida confundia-se com a arte e o teatro era o meu único e verdadeiro amor...</span>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-21201199645521220572011-02-08T09:21:00.000-08:002011-02-08T09:21:31.392-08:00Meio CheioEstou aqui mais uma vez tentando animar-me sem êxito, acordei sem vontade de acordar, abri meus olhos quando queria sonhar.<br />
Estou meio cheio de perspectivas que não se concretizam, de projeções que não se materializam, estou me acostumando a aceitar o que vem, começando a aceitar a realidade e saindo um pouco das possibilidades.<br />
A cada dia a porta se fecha mais um pouco, meus sonhos vão tentando passar pelo vão cada vez mais apertado, temo que um dia ela se feche por completo e nem um sonho mais passará, ficarão do lado de fora esperando que alguém abra a porta. Frestas me interessam, mas elas estão cada vez mais raras e, como tudo que é raro, mais caras e caras.<br />
Temo o imprevisível erro na tentativa de um acerto, poucas fichas para apostar, poucas sortes, poucos sorrisos, pouca grana, pouca ironia, muitas tentativas.<br />
Meio cheio é quase vazio, não existe meio feliz, meio triste, meio é meio, não inteiro, sou meio cheio e quase incompleto, na verdade sou imperfeito e quase não me vejo, faz tempo que não procuro um espelho.Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-79202028131712850022010-11-25T11:32:00.000-08:002010-11-25T11:35:07.130-08:00Cárfrei Dell´arte<div class="MsoNormal"><b><i>Somos atores em direção ao imaginário teatral, temos por missão o mundo onírico, faremos de nosso trabalho a ponte da conversão dessa vida para a fantasia do fazer teatral! Temos esse compromisso, essa energia, essa estranha magia para com o nosso público que nem nos conhece, e nem nós a eles, mas juntos em um tempo determinado pelo etéreo iremos comungar da mesma verdade, do mesmo sentimento, da mesma loucura, seremos um só espírito rumo à efemeridade do momento único que só essa arte produz e quando o momento plausível vier, as palmas de pé, o apagar das luzes, recolhemos todas as máscaras, sorrisos e lágrimas para novamente encantar em outro lugar, assim seguiremos sempre a vagar, pois é mister do ator ir aonde seu público está!<o:p></o:p></i></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><i>Leonardo Cárfrei.</i></b></div>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-51573181425603974852010-10-29T07:59:00.001-07:002010-10-29T07:59:57.620-07:00Cultura Popular<div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">Os conceitos de cultura nas ciências sociais antes do século XVIII eram concebidos da seguinte forma: cultura = natureza e civilização = progresso. Depois do século XVIII a cultura passou a ser a medida de civilização de um povo.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">No século XIX duas noções modernas de cultura foram consideradas:</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">a) Particularista – Cultura como um conjunto de conquistas artísticas, intelectuais e morais;</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">b) Universalista – Conjunto de conhecimentos, crenças, costumes e outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade. (Tylor, 1871).</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">As ambigüidades também ocorrem com relação à cultura popular, podemos citar duas perspectivas: </div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">- As culturas populares são derivadas da cultura dominante, não existe de forma autônoma (visão marxista);</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">- As culturas populares são autônomas e autênticas (visão romântica).</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">Podemos ainda citar alguns conceitos de cultura popular:</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">a) “O ‘popular’ não está contido em conjuntos de elementos que bastaria identificar, repertoriar e descrever. Ele qualifica, antes de mais nada, um tipo de relação, um modo de utilizar objetos ou normas que circulam na sociedade, mas que são recebidos, compreendidos e manipulados de diversas maneiras.” (Roger Chatier);</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">b) “É a cultura comum de pessoas comuns, isto é, uma cultura que se fabrica no cotidiano, nas atividades ao mesmo tempo banais e renovadas de cada dia.” (Michel De Certeau).</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">c) “É uma cultura que se fabrica no cotidiano, nas atividades ao mesmo tempo banais e renovadas de cada dia.” (Michel De Certeau);</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">c) “Nem inteiramente dependentes, nem inteiramente autônomas; nem pura imitação, nem pura criação.” (Cuche); </div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">d) “A dominação cultural nunca é total. Há sempre uma margem para a resistência e afirmação.” (Cuche, 2002).</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Dimensões da Cultura </span><o:p></o:p></b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O que é a Cultura?<o:p></o:p></i></b></div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">Para o senso comum, cultura possui um sentido de erudição, uma instrução vasta e variada adquirida por meio de diversos mecanismos, principalmente o estudo. Quantas vezes já ouvimos os jargões “O povo não tem cultura”, “O povo não sabe o que é boa música”, “O povo não tem educação”, etc.? De fato, esta é uma concepção arbitrária e equivocada a respeito do que realmente significa o termo “cultura”.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">Não podemos dizer que um índio que não tem contato com livros, nem com música clássica, por exemplo, não possui cultura. Onde ficam seus costumes, tradições, sua língua?</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">O conceito de cultura é bastante complexo. Em uma visão antropológica, podemos o definir como a rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um indivíduo, ou seja, a sociedade. Essa rede engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, etc.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cultura Erudita<o:p></o:p></i></b></div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento é proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida, sobretudo pela leitura).</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cultura Popular<o:p></o:p></i></b></div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">A cultura popular aparece associada ao povo, às classes excluídas socialmente, às classes dominadas. A cultura popular não está ligada ao conhecimento científico, pelo contrário, ela diz respeito ao conhecimento vulgar ou espontâneo, ao senso comum. O artista popular não está preocupado em colocar suas obras expostas em lugares prestigiados.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">Nesse sentido, o mais importante na arte popular não é o objeto produzido, e sim o próprio artista, o homem do povo, do meio rural ou das periferias das grandes cidades.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que é ligada à tradição, mas incorpora novos elementos culturais.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">O artista popular tira sua “inspiração” de acontecimentos locais rotineiros, a arte popular é regional. </div><div class="MsoNormal" style="margin-right: -24.8pt;">O produtor de cultura popular e o de cultura erudita podem ter a mesma sofisticação, mas na sociedade não possuem o mesmo status social, a cultura erudita é a que é legitimada pelas escolas e outras instituições. É importante ressaltar que os produtores da cultura popular não têm consciência de que o que fazem têm um ou outro nome e os produtores de cultura erudita têm consciência de que o que fazem tem essa denominação e é assunto de discussões, mesmo porque os intelectuais que discutem esses conceitos fazem parte dessa elite, são os agentes da cultura erudita que estudam e pesquisam sobre a cultura popular e chegam a essas definições. </div>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-69078717054560136212010-10-29T07:55:00.001-07:002010-10-29T07:55:11.441-07:00A Mulher Sem Pecado<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A Mulher sem Pecado foi a primeira peça teatral escrita por Nelson Rodrigues em <st1:metricconverter productid="1941, a" w:st="on">1941, a</st1:metricconverter> referida peça foi encenada pela primeira vez em 09 de dezembro de 1942 no teatro Carlos Gomes localizado na cidade do Rio de janeiro, essa montagem foi dirigida pelo diretor Rodolfo Mayer. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A peça conta a história de um empresário chamado Olegário que obcecado pela idéia da infidelidade de sua mulher Lídia, fingi-se de paralítico e impotente para testar a fidelidade de sua esposa. Dona Aninha, mãe de Olegário, é definida pelo autor como “doida pacífica” e fica o tempo todo em cena enrolando um paninho e sempre vestida de preto. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Umberto, o chofer da casa, é encarregado de vigiar dona Lídia, porém Olegário só permitiu que esse a vigiasse por conta de o próprio Umberto ter lhe dito que fora castrado quando criança. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Olegário faz com Lídia um jogo duplo tal como: ao mesmo tempo em que indica seu ideal de mulher sem pecado, apresenta-lhe um kit completo de como ser infiel.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Inézia, a empregada da casa, sente-se aflita por causa do incessante interrogatório pelo qual Olegário a submete para obter informações sobre Lídia, aquela vive com medo que a patroa descubra que está sendo vigiada por ela. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Umberto pensa o contrário, vê nesse trabalho uma oportunidade de estar perto da patroa Lídia.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Lídia é uma personagem que sofre muito desde o início, esse sofrimento é tido por ela como injusto, pois a mesma nunca deu motivos para que o marido desconfiasse de sua fidelidade, essa personagem dá indícios de sua fidelidade logo no primeiro ato se mostrando sempre solícita para com o marido Olegário. Lídia também sofre pressão psicológica por parte do chofer Umberto. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Toda a trama acontece na sala da casa de Olegário e os conflitos, que dão sentidos e ação à peça, ocorrem de acordo com as atitudes de Olegário em relação à Lídia.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por fim, quando Olegário convence-se da fidelidade de Lídia, esta, exausta pela obsessão do marido toma atitudes que podem dar uma reviravolta à trama.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A Mulher sem Pecado, sem dúvida, é uma das obras mais importantes escritas por Nelson Rodrigues, e por conta de seu enredo com relações e sentimentos contemporâneos a atualidade e a essência do humano, essa, pode ser encenada em qualquer época e lugar. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É uma peça teatral extremamente realista, essa essência realista é constatada em vários momentos da peça, há conflitos domésticos que não perpassam para uma esfera “fantástica” do imaginário, os conflitos foram tecidos em ambiente doméstico e por isso a “realidade” do cenário de uma sala onde transitam e agem personagens podem ser encontradas na sociedade.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim como em outras peças, Nelson critica o casamento e o erotismo, marca de suas obras, também muito presente, nesta obra em questão, como, por exemplo, em algumas cenas de Umberto e Lídia.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Acredita-se que a vida pessoal do autor, recheada de tragédias e dramas familiares, tenha influenciado na forma de escrever suas peças, que discutem sentimentos essenciais da sociedade e da vida humana.</div>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-83421025845230682722010-10-27T04:41:00.000-07:002010-10-27T04:41:46.638-07:00Atrás do Sol Tem Coisas.O espetáculo teatral "Atrás do Sol Tem Coisas" apresentado pelo Grupo Proscenium foi mais uma prova de que o teatro do interior tem muito ainda por mostrar de qualidade e pesquisa.<br />
A peça foi o resultado de longas jornadas de ensaios onde os atores foram levados a exaustão para que pudessem apurar suas representações, pensa que eles reclamaram, não, muito pelo contrário, quanto mais ensaiavam mais vontade tinham de que tudo desse certo.<br />
O texto e as letras das músicas que dão o toque onírico ao espetáculo são de autoria do diretor Carlos Eduardo Giglio, fundador e diretor do Grupo Proscenium, que com muita garra, perseverança e coragem mantém o grupo a mais de uma década, parece pouco, mas nas condições insalubres da arte no interior isso é coisa de guerreiro, e não por coincidência a produtora de Giglio chama-se "Guerrilha".<br />
As melodias das músicas são da autoria de Helder de Sousa, músico, ator e Psicólogo, grande compositor que com um toque sutil de melodia romântica adocicou as cenas de um amor inocente.<br />
No dia da estréia tivemos o prazer de ouvir as músicas sendo tocadas por Helder e as canções cantadas pelos atores Rovany Araújo e Thais Amorim, o que reforçava ainda mais o caráter representativo da peça que com a característica marcante do grupo Proscenium dava o toque de estranhamento, causando nos espectadores a adorável "catarse" e a reflexão póstuma sobre os amores de nossas vidas.<br />
Afinal quem nunca foi abobado pelo primeiro amor, simples e intenso, que toma de súbito a alma, emudece, estremece as pernas, coração acelerado, todas essas sensações são relembradas pelos espectadores ao assistir "Atrás do Sol Tem Coisas".<br />
Como o próprio diretor disse: "As pessoas estão precisando de mais amor em suas vidas", e são com espetáculos bem fundamentados, com encenações limpas, sem apelações ou relações do gênero que conseguiremos enaltecer as emoções das representação nos palcos.<br />
Fica aqui a minha manifestação de satisfação ao ver um grupo da região confeccionando peça boa para os olhos, ouvidos e coração.<br />
Deixo toda a merda do mundo para o Grupo Proscenium e para o teatro do interior do estado e da alma.<br />
O teatro carece de ser cuidado e para quem o ama só resta cultivá-lo com o melhor que puder para que os frutos de seu palco sejam proveitosos para uma sociedade carente de "humanidade".<br />
<br />
Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-25167473243931457782010-10-22T10:44:00.000-07:002010-10-22T11:03:14.057-07:00Intervenções e Neuroses.Teatro é feito com criatividade, esforço e com certeza muito estudo.<br />
<div>Eu como ator estou habituado a montar espetáculos através de métodos tradicionais de montagem. A forma mais tradicional para meu grupo sempre foi a do grande encenador e teórico do teatro russo Constantin Stanislavski, sempre fizemos a leitura de mesa para traçar as intenções do texto, dos personagens e principalmente para extrair do texto o seu "super objetivo", que é o eixo central da problemática existencial do enredo, o conflito maior que desencadeiará os outros conflitos que nortearão a peça. </div><div>Porém, nessa nova experimentação cênica, nós pulamos do princípio da memória emotiva (naturalismo) para a ação física, partimos para a experimentação em cena, para a vivencia das personagens dentro dos objetivos pré estabelecidos para sua existencia. O resultado foi realmente surpreendente, obtivemos nova "roupagem" para as ações das personagens, através da tentativa descobrimos novas formas para a composição das mesmas, tínhamos uma nova e eficiente ferramenta nas mãos, o improviso.<br />
<div>Claro que quando me refiro ao improviso estou falando do processo criativo com objetivos bem claros, há muitas pessoas que consideram o improviso como um simples remendo de falas que foram esquecidas, ou até mesmo como uma "metralhadora" de "cacos" que não levam a lugar nenhum, a não ser ao fastidioso monólogo de palavras vazias. </div><div>O improviso que vem sendo utilizado em "Intervenções e Neuroses" pode nos proporcionar a liberdade de criação sem a amarração do texto, quando digo texto me refiro ao texto literal, escrito, porém há o texto no sentido de enredo da peça e isso vem sendo amplamente aproveitado nos improvisos para a criação do conflito do espetáculo. </div><div>Com isso os atores puderam mostrar seu potencial para a criação do texto dramático sem falas, porém abundante em gestos e significados corporais, a linguagem falada restringe, às vezes, o potencial corporal do ator, quando esse tem a possibilidade de experimentar novas formas para se interpretar, consequentemente, enriquece o seu "vocabulário" corporal.</div><div>O formato de trabalho que erigiu o fazer teatral em "Intervenções e Neuroses" é um caminho de uma demasiada sugestividade e liberdade de criação coletiva, contudo é preciso ter cuidado, pois os caminhos sinuosos da criação podem gerar confusões e incertezas quanto aos significados e sentidos que a peça gerará. </div><div>Todo esse processo pode ser acompanhado pela figura do diretor que costura todos esses "retalhos" criativos e forma o todo do espetáculo, evitando assim a dispersão dos materiais criados durante o processo de improvisação.</div><div>Hoje há muitos grupos de teatro que não definem claramente a figura do diretor, o que há são colaborações coletivas onde todos os integrantes do grupo trabalham coletivamente em prol do espetáculo.</div><div> </div></div>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-26940544053400641642010-10-19T10:49:00.000-07:002010-10-19T10:49:18.652-07:00Shakespeare for ever...O poeta e dramaturgo Willian Shakespeare sem dúvida é um dos melhores escritores da história do teatro. No século XVI haviam outros dramaturgos, porém a genialidade de Shakespeare perpassou o tempo até a nossa era para nos contar as histórias de seu tempo.<div>O fato das obras do dramaturgo inglês terem tanto êxito nos dias atuais se deve ao conteúdo altamente contemporâneo de seus enredos, a essência de suas obras tem a profundidade da alma humana. </div><div>Prova disso são os pensamentos existenciais de "<i>Hamlet", </i>ou o amor incondicional de "<i>Romeu e Julieta", </i>a cobiça que invenena a alma em "<i>Rei Lear", </i>todos pensamentos oriundos do profundo emocional da alma humana.</div><div>As histórias criadas por Shakespeare sempre são encenadas e reencenadas, não há tempo ou lugar para que algum diretor enxerge o brilho de seus textos. </div><div>A teatralidade contemporânea vêm criando releituras das peças Shakesperianas de forma a explorar as possibilidades cênicas ao extremo e oferecer ao público uma estética diferenciada de suas obras.</div><div><i>O Grupo Galpão </i>de Belo Horizonte logrou grande êxito em sua montagem de "<i>Romeu e Julieta", <span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;">grande sucesso de crítica e público. A peça conta a história apaixonada do casal Romeu e Julieta, porém de forma diferente e inusitada, a linguagem das roupas, maquiagem e movimentos dos atores ganharam um toque de circo e traços da </span>comédia dell'arte, </i>os objetos e adereços cênicos ganharam função significante no espetáculo onde todos os atores andavam em pernas de pau e tocavam lindamente instrumentos musicais. Outro elemento importante nessa diversificada montagem foi o cenário composto por um carro, os usos para esse cenário pareciam infindáveis, abriam-se portas, janelas, o teto do carro virava palco, etc. </div><div>A musicalidade do espetáculo também foi muito bem tecido com cantigas populares e aquele toque instrumental e vocal especial que só o <i>Grupo Galpão </i>consegue realizar com tanta destreza, a destreza era tanta que o ator Eduardo Moreira andava de pernas de pau com uma mão segurando um guarda chuva e a outra mão tocando acordeon, magnífico!</div><div>O Galpão é apenas um dos exemplos das várias releituras que vem sendo feitas das obras de Shakespeare e que com certeza continuarão sendo feitas, pois se trata de um grande poeta que decifrou o íntimo dos sentimentos humanos e conseguiu, assim, que sua obra fosse eternizada nos corações de quem as leem. <i> </i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;"></span> </i> </div><div><br />
</div>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-11533598524003333542010-10-18T07:02:00.000-07:002010-10-18T07:02:21.069-07:00Senhor Ator<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, Arial; font-size: 12px;">Senhor ator, de onde vem esta vontade, esta força de fazer o que na verdade com tão pouco recurso é absurdo de se crer? De onde vem esta paixão, este desejo incondicional pela fantasia? Por que o sonho em vós és tão exaltado, que de longe se percebe o seu vôo? Vejo que com tão pouco, com meia dúzia de loucos o senhor constrói um império imaginário, com as palavras, os gestos, seduz a platéia que em silêncio comunga com a vossa verdade. Leve-me, senhor ator, para o seu mundo imaginário, quero sentir os ventos da janela do castelo, quero cantar e dançar com seres imaginários, quero fugir, nem que seja por um minuto, da realidade deste mundo. </span>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-62733158198362447582010-10-18T06:39:00.000-07:002010-10-18T06:39:45.638-07:00Teatro do interior<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Quando me perguntam o que é teatro sempre me lembro de Boal quando ele diz que o ser humano sempre está dramatizando, dramatiza em casa, no trabalho, na escola e, às vezes, até no palco. Somos dramáticos por natureza, a palavra "drama" vem do grego e significa "ação", logo somos dramáticos, pois agimos o tempo todo em nossas vidas e estamos sempre representando algo em nossa aldeia de símbolos e significações.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Porém há alguns humanos que querem ir mais além em sua dramaticidade, a esses damos o nome de "aspirantes a ator", sim, porque ser ator não é tão simples quanto a maioria das pessoas pensa. É uma carreira de muito estudo e muito esforço para tentar representar vidas de personagens (persona, do grego, significa máscara) que só vivem no papel. <o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">O ator torna-se um mágico ao criar uma vida inteira tirada de algumas páginas de papel, suas personagens vivem efêmeras enquanto a peça é apresentada e depois morrem para ressuscitarem na próxima sessão. <o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Como podemos ver é uma carreira muito difícil de ser executada e ao mesmo tempo muito concorrida, pois todos querem os louros da fama e toda a sorte de benefícios que ela pode trazer, porém se esquecem da parte árdua do trabalho e dos intermináveis ensaios de repetições infindáveis, tudo para que a encenação seja perfeita e com tudo de melhor que o público merece. <o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Contudo o "grande teatro", ou "teatrão" como é chamado o teatro comercial, esse teatro composto por grandes montagens e produções de avantajadas cifras, está localizado, principalmente, no eixo Rio de Janeiro, São Paulo e mesmo assim em suas capitais, deixando de fora o interior desses estados. <o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Ser ator no interior é muito complicado, primeiramente pelo ator não ser considerado um profissional, mesmo este tendo o seu registro profissional, não há fomentos verdadeiros que gerem renda estável para a sobrevivência desse tipo de profissional no interior, muitas das vezes eles são considerados, vejam vocês, desocupados. <o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Nesses anos de resistência de um teatro "amado"r vi muitos amigos ficarem pelo caminho, muitos sonhos que se diluíram nas margens de uma sociedade preconceituosa e desigual. Não tendo como sobreviver de sua arte muitos deixaram à arte de representar para se dedicarem a outra função qualquer que lhes rendessem um sustento. Outros resistiram bravamente assumindo os riscos e estão na luta até hoje com seus projetos e tentativas de editais culturais e leis de fomento do governo federal. <o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Contudo o que nunca morre nos verdadeiros amantes do teatro é o desejo de representar, de vivenciar a magia do imaginário, da comunhão, do momento em que todos somos um em um espetáculo "uni-sono". É esse o motivo de ainda haverem tantos atores que resistem a todas as dificuldades e continuam tentando e sonhando, mesmo que seja apenas nos finais de semana e feriados, mas eles num desistem nunca de seu amado teatro. <o:p></o:p></span></div>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1822353835316664443.post-35970966567512020512010-10-18T05:55:00.000-07:002010-10-18T05:55:29.263-07:00A cena contemporânea.<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">O teatro brasileiro caminha para uma nova perspectiva de criações e experimentações, verificamos que os grupos de teatro estão cada vez mais aprimorando as suas experiências cênicas em busca de uma renovação do já desgastado "naturalismo" que ainda tem grande espaço nas encenações contemporâneas. A distância entre palco e platéia, entre espectador e ator está se dissolvendo para dar espaço a uma interatividade muito maior, essas encenações estão partindo para uma releitura da comunhão do teatro da Grécia antiga, uma dionisíaca atual. </span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Podemos, por exemplo, analisar o caso do Teatro Vertigem que com suas encenações em ambientes que anteriormente eram utilizados para fins específicos, essa experiência causa grande estranhamento nos espectadores, mas ao mesmo tempo torna a cena muito próxima do tangível, o espectador está tão próximo que é capaz de sentir o cheiro, de tocar a cena, o ator. O Vertigem trabalha com a pesquisa aprofundada nos temas que nortearam sua dramaturgia e encenação, no caso da peça "Apocalipse 1, 11" eles utilizaram um presídio abandonado para a apresentação da peça. Com essa interatividade dos espectadores, com o ambiente "pesado" que norteia o imaginário das pessoas, eles puderam sentir o cenário real da peça e se envolver com a história que era encenada sem perder o foco de que se tratava de uma representação, sem a intenção de "iludir". O objetivo com esse tipo de trabalho é criar a sensação de "apresentação" e não "representação", pois deslocando o espaço cênico da tradicional "caixa italiana" eles causam a sensação do "aqui" e "agora" em quem assiste ao espetáculo. A tentativa de trazer os espectadores para uma apresentação mais intensa tem por essência a conscientização de uma reflexão posterior do espetáculo por parte de quem o assiste. <o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Temos que fazer peças que contenham o caráter social, a denúncia, a expectativa, a desilusão, peças que contenham os sentimentos e as reflexões oriundas da eterna "espera" do ser humano.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Como o Vertigem vários outros grupos realizam esse trabalho de experimentação e aplicação de novas "formas" para o fazer teatral e com isso quem ganha são os espectadores que poderão sempre contar com a criatividade e a renovação dos palcos brasileiros.<o:p></o:p></span></div>Leocarfreihttp://www.blogger.com/profile/14222684706652500969noreply@blogger.com0